“Tudo
passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10b). Esse versículo se
aplica muito bem ao desenvolvimento dos nossos filhos. Eles nascem, entram no
nosso coração e cabem nas palmas das nossas mãos. De repente, tudo rapidamente
passa, eles continuam no nosso coração, mas seus corpos crescem e não somos
mais capazes de suportar seus pesos nas mãos – na adolescência o peso é
transferido para o coração. Nessa fase
os pais são confrontados com questões peculiares da fase. Enquanto estamos
ainda com as nossas mãos cheirando à berço, somos surpreendidos com os questionamentos
dos nossos pimpolhos sobre o namoro.
Recentemente minha filha de oito anos me perguntou: “Papai, eu posso namorar com quantos anos?” Olhei para minha
esposa, desconversei e sai de cena intrigado com a perturbadora pergunta. Mais cedo ou mais tarde, nós, pais, iremos
nos confrontar com situações embaraçosas que envolvem relacionamentos dos
nossos filhos com outros, tendo em vista o namoro. Seremos inevitavelmente
forçados a nos posicionar. E agora? O que fazer? É lícito o namoro na fase da
adolescência? O que a Palavra de Deus tem a dizer? Convido você a refletir um
pouco comigo, e , em solidariedade recíproca, procurarmos uma luz nessa
angustiante tarefa de criar filhos em um mundo pós-queda.
O que a Bíblia
diz em relação ao namoro? Bom, ela não diz absolutamente nada. Encontramos nas
Escrituras Sagradas relatos culturais que mostram uma etapa que antecede ao
casamento. Seria essa fase um namoro? Se for, então, é muito diferente do que
conhecemos hoje. Vejamos:
Antes do
casamento propriamente dito havia uma cerimônia que se assemelha, hoje, ao
noivado. Um exemplo clássico foi o
relacionamento de José com Maria.
Mateus, descrevendo o nascimento do nosso Salvador, diz: “Ora, o
nascimento de Jesus se deu assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se
grávida pelo Espírito Santo” (Mateus 1.18). A expressão despojada indica um acordo pré-nupcial. Nesse acordo alguns pontos,
entre outros, merecem destaquem:
1.
Quase sempre os pais arrumavam os pretendentes
para os seus filhos, com exceções raras o filho homem poderia escolher sua
futura esposa; mas sempre com a anuência dos pais.
2.
O noivado durava em média 01 ano.
3.
As pessoas se casavam cedo em Israel. Muitos
rabinos opinavam que a idade ideal para o homem era dezoito anos. No que diz respeito às mulheres, elas eram
casadas no momento em que tivessem fisicamente aptas para isso, o que, segundo
a Lei, era aos doze anos e meio. Quando Maria deu à luz ela não tinha provavelmente
mais de quatorze anos de idade.
Evidentemente,
não podemos transpor uma cultural oriental de centenas de anos passados para o
nosso tempo. Entretanto, os princípios podem - e devem ser - aplicados nos
nossos dias em relação ao relacionamento amorosos dos nossos filhos:
1.
A
participação ativa dos pais nesse passo tão importante. Infelizmente os
pais são omissos nessa fase importante na vida
dos seus filhos. Se eles vivem na casa
dos seus pais, estão sob a tutela dos mesmos. Na verdade os pais não devem
apenas opinar, mas aprovar ou não o namoro dos seus filhotes. Se os pais não tiveram uma participação plena
no processo de namoro dos filhos, estão deixando-os à deriva das suas próprias
escolhas e promovendo um futuro fracasso
em seus relacionamentos.
2.
A
preparação para o casamento não deve se prolongar por anos à fio. Um curto
espaço de preparação que seja suficiente
para perceber a aprovação de Deus é necessário. O noivado não é o espaço para
providenciar casa e utensílios domésticos. Isso se consegue com o tempo, pela
força do trabalho e com a bênção de Deus.
É triste saber de casos nos quais o noivado se estende por anos e anos,
e, como conseqüência, o temor de Deus é perdido abrindo-se espaço para relações
sexuais que deveriam acontecer no contexto do casamento. Aí o casamento é
condenado ao fracasso (em outro artigo falarei sobre os perigos do sexo antes
do casamento).
3.
Compromisso.
Essa é a palavra chave! Não deveria existir namoro sem a seriedade de um
casamento à curto prazo. Não é errado
namorar na adolescência, mas o erro é namorar sem o compromisso de um
envolvimento duradouro. Digo mais: se o namoro não tem esse fim, tal namoro é
promíscuo e imoral!!! O pai deveria
chamar o namorado da sua filha para uma conversa, e perguntar-lhe sobre suas
reais intenções com a sua filha. Além disso, deveria conscientizar o
pretendente da necessidade de casar com ela, e logo!!! Talvez você ache que
isso seja um absurdo, mas eu lhe digo
que absurdo é permitir que os filhos tenham vários parceiros sem
compromisso durante a adolescência com atividade sexual plena. E os pais o que
fazem? Fecham os olhos. Ou será que isso
é irreal??
Bom, esse
artigo tem por finalidade chamar a atenção dos pais sobre o namoro dos seus
filhos adolescentes. Na realidade é
incentivar pai e mãe a abrir os olhos e se envolver plenamente na vida amorosa
das suas crianças. Eu acredito no namoro na adolescência, pois era algo muito
comum nos tempos bíblicos. Eu creio que o jovem deve casar cedo, e construir
uma vida a dois depois do casamento. Creio que Deus abençoa corações sinceros
que se casam novos para não pecarem contra o Criador. Na minha vida pastoral acompanhei o namoro,
noivado e casamento de dois casais que começaram a se relacionar no início da
adolescência. Hoje são felizes, bem
casados, sustentados por Deus e com um belíssimo testemunho que influencia
muitos jovens. Por fim, aconselho: pais, não condenem seus filhos ao fracasso de
um casamento futuro. Hoje faça a diferença na vida deles. O que Deus requer é
que você seja simplesmente pai e mãe!!!
Rev. Naziaseno Cordeiro Torres