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quinta-feira, 1 de julho de 2010

“E AGORA , JOSÉ?” REFLEXÃO SOBRE A MORTE DE UM SER AMARGO


“Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus,
mas infelizmente não o encontro”. Essa frase sarcástica , irônica, provocativa, foi dita por um dos maiores escritores de língua portuguesa, a saber: José Saramago - vencedor do prêmio Nobel de Literatura no ano de 1998 e de um prêmio Camões ( a mais importante condecoração da língua pátria). Comunista militante (“libertário” como autodescrito); ateu confesso, crítico sócio-politico, pessimista. Em matéria de religião deixou os seus dardos inflamados na obra romanceada "O evangelho segundo Jesus Cristo", escrito 1991 - promoveu uma acirrada contenda com a Igreja oficial do seu país que proibiu a comercialização em Portugal um ano após a publicação. Nesse livro Saramago apresentava um Jesus meramente humano - com dúvidas, fraquezas e dialogando com um Deus cruel. No auge da sua loucura descreve Jesus perdendo sua virgindade com Maria Madalena. Eis um ser amargo! Morreu aos 87 anos vitimado pela leucemia – sangue ruim. E agora?

Não quero comentar sobre sua vida e obra, pois não vejo nada de interessante nele e nos seus escritos; pelo contrário particularmente acho-o chato e arcaico – longos parágrafos com pontuação em muitos momentos quase inexistente. Penso, agora, e quero refletir com você, leitor, sobre a sua realidade pós-morte (de José, é claro). Certamente a busca cessou: ele encontrou Deus. Encontrou a Luz. Acabou o “ensaio Sobre a cegueira”. E agora?

Sou pastor e, naturalmente, em cada artigo gosto de fazer citações bíblicas, porém não colocarei nenhuma porção das Escrituras aqui. Aliás, você sabe o que o José pensa sobre a Bíblia? "Por que precisamos de Deus? Nós o vimos? A Bíblia demorou 2000 anos para ser escrita e foi redigida por homens". Segundo ele, a Bíblia é um "desastre", cheia de "maus conselhos, como incestos, matanças". Então, qual será a nossa resposta para as acusações e ceticismo desse ser amargo? Vamos apresentar para ele uma boa literatura. Eu evoco Carlos Drummond de Andrade! Fala mineirinho:


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

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