É angustiante a situação do homem pós-moderno. Fatos e fotos ilustram um cenário obscuro e desalentador – fotografias de um álbum sem cor , sem imagem e brilho. Falo sobre o sentimento niilista que solapa a humanidade, sobretudo nos mais jovens. Niilismo! Já ouviu disso falar? Filosoficamente falando o Niilismo é... Aliás, vamos esquecer a base filosófica conceitual, e definir da forma mais simples possível: Niilismo é o encontro do vazio com o nada. Calma eu explico! Vamos trazer uma representação visual desse significante? Para tal, eu recorro a Bíblia. Imaginem alguém correndo atrás do vento. Estranho, né? Pois é, isso é niilismo - é absoluta falta de propósito e finalidade, ou seja é decretar a morte de qualquer significado nessa existência. É viver sem saber a resposta aos por quês da vida. É o drama de viver sem propósito para respirar. O niilismo não é uma corrente filosófica, antes é um estado de espírito decorrente de uma tremenda frustração idealista. Explico.
O Iluminismo promoveu uma mudança completa na maneira de encarar os fatos concernentes a Deus e ao homem. Até então, com apogeu na Idade média, Deus era o fim único e o centro de todas as cousas; o homem possuía o papel contemplativo em relação ao sagrado. Com o advento do Iluminismo a mente humana começou a despertar para a possibilidade de se desvencilhar das amarras da religião e da fé. As ferramentas adotadas pelo iluminismo para assentar e edificar uma nova era filosófica foram a dúvida e o ceticismo. No lugar da fé a razão foi entronizada, e a ciência foi venerada. Um século depois, XVIII, o Movimento Positivista , inspirado no iluminismo, formulou suas teses otimistas. Augusto Comte (1798-1857) dizia “que o homem havia chegado à sua maturidade; depois de passar pela idade religiosa” . A idéia do progresso pelo esforço do homem, via ciência, empolgou a humanidade que vislumbrava um futuro brilhante ( inclusive o dístico da nossa Bandeira – “Ordem e Progresso” – é reflexo desse otimismo). Mas algo mudou totalmente essa onda de confiança e esperança no próprio homem.
Alguns sérios episódios desacreditaram a credibilidade irrestrita na ciência e no homem como centro de todas as cousas, a saber:
• 1ª Guerra Mundial (1914-1918)
• 2 Guerra Mundial (1939-1945)
• As barbáries do Nazismo sob a tirania de Adolf Hitler (1933-1945)
• A Grande Depressão Americana ( Colapso da Bolsa de Valores, 1929)
Esses episódios mergulharam a humanidade em uma nova onda: o pessimismo, pois o “homem tornou-se o lobo do próprio homem”. O Positivismo, com o lema ordem e progresso, deu lugar a desesperança e a frustração. Surge, então, no século XX uma nova escola filosófica: o existencialismo. Vejamos alguns pontos salientes sobre ele.
Martin Heidegge r(1889-1976) foi o maior expoente desse novo movimento, que se caracterizou em torno de uma palavra: angústia. Depois Surge no cenário francês Jean Paul Sartre levando o Existencialismo até as mais extremas conseqüências. Analisando o mundo humano, que é o nosso habit, a náusea toma o lugar da angústia de Heidegger – náusea da sociedade humana; náusea da natureza cuja beleza é ilusória; náusea de nós mesmos - ou seja, gritando no megafone da desesperança ele bradou: “Viver é uma náusea!”.
É justamente nesse período que o Niilismo encontra as suas raízes. Asssim sendo, para ele “a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento?” A resposta a essa indagação de Sartre deu luz ao Niilismo – para ele Deus não existe e a vida é só sofrimento e dor ( a lógica é não existe finalidade nenhuma na existência humana). Diz Sartre: “O mundo é absurdo e unicamente Deus poderia dar-lhe um sentido; mas Deus não existe, e, portanto, é preciso aceitar a vida como um absurdo”. Assim, para ele, a vida se desenrola no cenário sombrio, sem horizonte, sem história, sem motivação e sem sentido.
Mas, qual o objetivo desse post? Bom, Sartre morreu há mais de 100 anos, porém a onda niilista está mais viva do que nunca nos nossos dias. No final da minha adolescência eu li um livro de Francis Shaeffer intitulado A Morte da Razão. Na época ele não fez nenhuma diferença para mim, apenas serviu para cumprir às exigências de uma cadeira do Instituto Bíblico do Norte, em Garanhuns-PE. Após alguns anos, já no Seminário, reli e fiquei estupefato pela atualidade do seu conteúdo. Muito embora Schaffer escreveu em 1968, a mensagem é atualíssima. Diz ele no prefécio: “O homem já morreu. Deus já morreu. A vida se tornou uma existência sem significado, e o homem não passa de uma roda na engrenagem. A única via de escape passa por um mundo fantástico de experiências: drogas, absurdos, pronografia... loucura”. Isso é Niilismo!!!
O filósofo contemporâneo Franco Volpi pinta o atual quadro humano com cores sombrias quando diz que
"é de incerteza e precariedade a situação do homem atual. Lembra a de um andarilho que há muito caminha numa área congelada e, de repente, com o degelo, se vê surpreendido pelo chão que começa a se partir em mil pedaços. Rompidos a estabilidade dos valores e os conceitos tradicionais, torna-se difícil prosseguir o caminho."
Não é exatamente assim que muitos e muitos vivem nessa terra? Descarta-se Deus! então , o que sobra? Nada, absolutamente nada. Trabalha-se, mas Deus não é honrado; então o que sobra? Nada. Casa-se , mas Deus não é a base; então, o que sobra? Nada! Nascem os filhos, mas Deus não é divulgado; então, o que sobra? Nada. Sonhos e metas são planejados, mas Deus não é consultado; então o que sobra? Nada. Vive-se sem Deus; então, o que sobra?
Essa é a nossa geração! A geração do vazio, da falta de propósito, de significado, de valor, de Deus.
E nós, filhos de Deus, entramos na onda Niilista? No próximo post abordaremos a questão no ãmbito teológico.
E nós, filhos de Deus, entramos na onda Niilista? No próximo post abordaremos a questão no ãmbito teológico.
Pr. Naziaseno Cordeiro Torres