Problemas, dores e angústias
levam o crente a procurar imediatamente a presença de Deus em busca de graça e
misericórdia para aliviar a sua alma atribulada. A crise tem sido uma fonte de oportunidade,
pois nos leva a procurar abrigo na casa paterna. C. S. Lewis afirmou que o
sofrimento é o megafone de Deus para um mundo que recusa a ouvi-Lo. A boa
notícia é que os nossos ouvidos são mais sensíveis à voz de Deus quando o “dia
mal” chega. Por isso, seguindo essa lógica, o apóstolo Paulo escreve aos
Romanos ponderando que devemos no gloriar nas nossas próprias tribulações, uma
vez que ela produz: perseverança, experiência, esperança e, sobretudo, a
certeza do amor de Deus por nós (Romanos 5. 3-5). A aflição é uma benção para o
povo de Deus, visto que quando ela chega para nós só existe um caminho para
correr: os braços do Pai!
Algo
interessante acontece quando disciplino amorosamente meus filhos. Após umas
palmadinhas – no lugar certo e com a intensidade adequada – eles paradoxalmente
olham para mim, em lágrimas, pedindo colo e consolo. Isso porque eles sabem que
foram disciplinados por motivos justos, e a única alternativa é buscar solução
naquele que os ama profundamente. Deus também nos trata assim: as “tapinhas”
divinas nos aproximam intensamente dEle
(2 Co 7.9,10;).
Mas,
esse artigo tem outro viés: não temos nenhuma dúvida em afirmar que quando os
problemas chegam invariavelmente procuramos Deus, e encontramos alívio –
problemas são, na realidade, oportunidades para crescermos no nosso
relacionamento com Deus. Agora, a questão é outra: E QUANDO TUDO,
APARENTEMENTE, VAI BEM? Como a nossa alma se comporta quando passamos por um
tempo de bonança? Qual é a nossa atitude nos momentos de refrigério da parte de
Deus? Essa é a grande questão – e dilema – na nossa peregrinação nessa terra
concernente ao nosso relacionamento com Deus. Nessa fase passamos pelas maiores
tentações e desafios na caminhada cristã. As razões são obvias, vejamos:
É fato
que vivemos numa tensão entre o “já” e o “ainda não”. Esse conceito teológico é
simples! Ele afirma que já somos salvos e libertos da condenação do pecado, mas
ainda não recebemos todas as bênçãos da salvação – elas estão reservadas para a
nossa vida no Céu. Por exemplo, apesar da nossa salvação ainda sofremos as
dores do corpo traduzidas em doenças físicas e mentais; temos problemas e
angústias; sofremos reveses financeiros e, infelizmente nessa terra, o pecado
tenazmente nos assedia e, muitas vezes, sucumbimos aos seus apelos infernais.
Nessa condição algumas tendências que são naturais nos ímpios ainda exercem um
certo poder no nosso coração. Em relação
ao assunto proposto nesse post há
duas tendências terríveis que visitam o
coração do povo de Deus: O esquecimento dEle e a exaltação de uma glória
própria nas conquistas e sucessos obtidos.
Quando tudo vai aparentemente bem na nossa
vida a tendência é se esquecer de Deus. Não oramos como convém, a leitura
da Palavra é esporádica, freqüentamos o Templo com irregularidade – e muitas
vezes o nosso coração nem lá está. Nessa
fase quase nunca pensamos em Deus, e nos envolvemos nas mais diversas atividade
– Deus fica em segundo plano . Essa situação descreve muito bem o povo de Deus,
Israel, no Antigo Testamento. O profeta
Jeremias relata: “Contudo, todos os do
meu povo se têm esquecido de mim, queimando incenso aos ídolos, que os fizeram
tropeçar nos seus caminhos e nas veredas antigas, para que andassem por veredas
não aterradas”. A queixa de Deus
contra o povo de Israel foi registrada no livro do profeta Ageu: “Acaso, e tempo de habitardes vós em casas
apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?” Deus havia sido esquecido, e cada um
procurava o seu próprio interesse em tempo de bonança.
Um
fator determinante para a negligência espiritual
é a exaltação de uma glória própria nas conquistas e sucessos obtidos. Essa
síndrome adâmica persiste nos nossos corações. Quando progredimos
economicamente, via de regra achamos que o fruto do nosso trabalho veio do
nosso próprio suor. É aquela velha situação: Ora-se para passar em um concurso
público. Deus atende, mas após a aprovação Ele é esquecido – no fundo no fundo
achamos que conquistamos pelo nosso próprio talento, e as glórias vêm para nós
mesmos. Na verdade a prosperidade financeira nos distancia de Deus, e confiamos
no vil metal. Por isso a oração do sábio
foi tão clara: “Não me dês nem pobreza nem
riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te
negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor? ’ Se eu ficasse pobre,
poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus (Provérbios
30:8-9).
Concluo
esse artigo lançando um desafio: busquemos o Senhor em todo o tempo. Lembro a
você que a período mais difícil na nossa vida não é quando enfrentamos
angústias e problemas, mas quando tudo aparentemente vai bem. Existe um
personagem na Bíblia que me chama a atenção, e sempre medito nele: Enoque. A
Bíblia fala muito pouco sobre ele.
Enoque não é conhecido na Bíblia como o “pai da Fé”; nem como um
guerreiro destemido; nem mesmo como um sacerdote ou rei. O registro bíblico
relata simplesmente assim: “andou Enoque com Deus.” Eu
creio que ele desenvolvu uma caminhada um espírito de total dependência de Deu
em quaisquer circustâncias da sua vida nesse mundo, ou seja ele não tirava o
foco em Deus. Esse é o segredo para não nos afastarmos de Deus. Andar com Deus
é afirmar que Ele é mais importante do que tudo nessa vida. Um coração assim
não se desvia ao sabor das circustâncias, mas se firma Naquele que é a fonte da
real alegria! Amém!!!
Fé nEle,
sempre!
Rev.
Naziaseno Cordeiro Torres