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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

“Desigrejei! Em busca do Novo

Um fenômeno curioso tem acontecido nos nossos dias: a busca ansiosa pelo “novo”. É comum encontrarmos releituras de ideologias cristalizadas pela história com novas roupagens. Fala-se em Novo Calvinismo, Neoateísmo, Neopuritanismo, Neocapitalismo, Neoliberalismo .... Enfim, o “neo” está na moda!

Como comprovação dessa verdade, a revista Época publicou uma matéria de capa com o seguinte título (advinhe!): “Os Novos Protestantes”. A idéia básica que a matéria transmite é que os novos protestantes ensinam que o desejável pra os nossos dias “é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional.” Em outras palavras é simplesmente dizer: “Desigrejei!”.

A Eclesiologia ( a doutrina da Igreja) está no centro da discussão teológica atual. Novas nuances têm sido aplicadas afim de remodelar a forma antiga e tradicional da instituição-Igreja. A justificativa é tornar a mensagem do Evangelho mais atraente e, também, criar a real possibilidade de distinção do atual modelo, batido, sacralizado pelos neopentecostais.

Agora, é bom que se diga que esse processo de apresentar novas diretrizes para a Igreja não é algo realmente novo. Na trajetória da história eclesiástica várias situações foram infundidas. Abraão Kuyper, por exemplo, ensinava que deveria se fazer uma distinção entre a igreja como instituição e a igreja como organismo. Como “instituição, a igreja foi investida com três ofícios (profético, sacerdotal e real) e é chamada a pregar e administrar os sacramentos e a exercer a disciplina. Como organismo, ou corpo de crentes, ela deve se envolver em atividades sociais e levar a efeito o mandato cultural”. A crítica severa a Kuyper é que com o passar do tempo ele parecia dizer que a igreja verdadeira, não era a igreja como instituição, mas a igreja como organismo. Ou seja, ele pregava que a igreja como instituição existe para servir a igreja como organismo, equipando os santos para a sua tarefa no mundo.Qual tarefa? O engajamento político-social sob os auspícios do mandato cultural. Essa fase ficou conhecida na Europa, especificamente na Holanda, como o Neocalvinismo.
Igreja Presbiteriana em Capela do Alto Alegre/BA
por ocasião dos 150 anos da IPB

Hoje o que presenciamos é um novo modelo de Igreja. Agora, em Kuyper a Igreja deveria tomar consciência do seu mandato e entrar no mundo para influenciar todas as esferas da vida. Parece que a estratégia dos novos protestantes é totalmente contrária a Kuyper. Na realidade os novos protestantes querem preparar a Igreja para que o mundo entre nela e fique. Assim sendo, a igreja precisa ser remodelada para atender o cliente chamado Mundo. Quais são as reformas?

• 1º Esqueça o sermão bíblico expositivo. Palestra soa melhor aos ouvidos do cliente Mundo;

• 2º Templo? Isso é coisa do passado. Pequenos grupos, ou células, são mais interessantes;

• 3º E o que falar dos dízimos? O ofertório na hora do culto é politicamente incorreto para os nossos dias.

• 4º Não se identifique como evangélico, ou crente ou irmão.

• 5º o termo igreja é questionado. Os novos protestantes preferem termos como Comunidade, Estação, entre outros.

Bom, esses são os novos protestantes. Estão eles certos? A igreja institucionalizada está em crise? É preciso novas estratégias para alcançar o mundo? Eu prefiro as veredas antigas. O antigo evangelho. A marcha da Igreja é marcha “ré” - “re” de Reforma! A minha preocupação é que o novo protestantismo, com a sua bandeira de quebrar paradigmas, produza ao longo do tempo crentes superficiais - sem compromisso, sem comunhão, sem história, sem igreja.



Rev. Naziaseno Cordeiro Torres

8 comentários:

Tiago Cesar Nascimento disse...

Legal o Blog, pastor! Gostei da iniciativa! Além de ser uma ótima maneira de remediar um pouco aquela saudade que de vez em quando reaparece, né? rsrs Fica com Deus!

A Esperança Puritana disse...

Olá Tiagão, bom vê-lo por aqui.Um abração

Unknown disse...

Caro Torres,

Conquanto a iniciativa de se proclamar uma clara distinção entre a grande massa de alienados evangélicos dos nossos dias e aqueles que não comungam com a mesma práxis neopentecostal seja louvável e importante, seu post veem nos alertar quanto ao perigo daqueles que se dizem novos reformadores, mas estão distantes dos solas da Reforma.
É justamente aí onde os protestantes verdadeiros, porque proclamam e preservam os verdadeiros fundamentos ou solas da Reforma devem pregar, escrever e divulgar as veredas antigas para um mundo novo e corrompido.

Solus Christus!

Alan

A Esperança Puritana disse...

Caro Alan Kleber,

É esse o perigo que ronda o mundo reformado. Alguns se dizem reformados, mas querem novas formas que os distanciem dos neopentecostais. Só que esses acabam, na realidade, se afastando da simplicidade e da pureza do Evangelho.É isso!

Abraço,

Robson Santana disse...

Com muita propriedade você tem escrito artigos que refletem a verdade do evangelho. O Augustus também postou no seu blog algo sobre os "Novos Evangélicos". Realmente querem colocar tudo no mesmo saco, jogar fora e depois reinventar a roda. Deus nos ajude!

A Esperança Puritana disse...

Olá Robson,

Obrigado pela sua visita. Você disse a palavra certa: "reinventar". Na realidade o que muitos estão fazendo, inclusive gente da própria IPB, é reproduzir um material enlatado americano.

CRER PARA VER disse...

Esse artigo "desigrejei" é ótimo. Até quando novas propostas vão surgir para o cristão "moderno"? Daqui uns dias vão inventar Igrejas palcos, Sobre rodas, Banco-Igreja, Praça-Igreja, Igreja Tio-Patinhas. Isso poderia ser chamado Síndrome do Professor pardal "Sempre inventando". Pobres daqueles que não amam a Igreja. Ela foi comprada por um preço muito alto para ser banalizada desse jeito. Um abração.

Hilario Messias disse...

Muito boa a matéria HOMEM DE DEUS. Continue publicando estes artigos que contribuem muito apra edificação do Reino de Deus.