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terça-feira, 3 de agosto de 2010

NEO-ATEÍSMO, A CONSPIRAÇÃO MACABRA (PARTE II)

Na foto: Christopher Hitchens, Daniel Dennet, Richard Dawkins, Sam Harris
Conforme a postagem anterior, o neo-ateísmo tem a sua base teórica concretada nas idéias de Darwin, Freud, Marx e Nietzsche. Entretanto, o novo ceticismo se revela um desafio ainda maior para a fé cristã. Esses últimos receberam uma unção dobrada do espírito do maligno que fê-los apresentar ao mundo argumentos que, segundo eles, tornam os seus ensinamentos plausíveis e a crença em Deus insuportável. Bom, mas antes vamos apresentá-los. Eis os “Quatro Cavaleiros do Apocalipse do Neo-Ateísmo”:

Richard Dawkins - Nasceu no Quênia, em 1941. Parece ser o “queridinho” de Oxford - tal tradicional instituição de ensino, a fim de tirá-lo da Universidade da Califórnia, não olvidou esforços para seduzi-lo oferecendo-lhe a titularidade de uma das cadeiras mais famosas e mais bem provida de fundos de toda a universidade. Tornou-se célebre com o livro O Gene Egoísta. Em relação a Deus o ceticismo de Dawkins aflorou quando estava sendo catequizado aos nove anos quando percebeu que não acreditava em nada do decorara. No ano de 2003 escreveu um livro com o título “Capelão do Diabo” (baseado numa carta de Darwin a um amigo) dedicando-o a sua filha que possuía dez anos. Nesse livro ele afirma a teoria da evolução e suas implicações quanto à existência de Deus. Dez anos antes ele já havia atacado a fé bíblica em um ensaio intitulado “O Vírus da Fé”. Porém o seu Best-seller foi escrito em 2006: “Deus, Um Delírio” (permaneceu durante vários meses na lista do New York Times como o mais lido da América. Sem dúvida, Richard Dawkins é o mais venerado dentre os neo-ateus, e, também, o mais lido e ouvido.

Daniel Dennett – Nascido em Boston, 1942. Professor universitário na cadeira de filosofia na Universidade de Tufs. Bacharelou-se em Harvard e o seu doutoramento foi em Oxford (um ano antes de Dawkins receber sua graduação na mesma instituição). A expressão chave, sempre presente nos seus escritos, é a consciência humana. Segundo ele a consciência do homem tem de ser reduzida a um entendimento mecanicista e naturalista (O ensino de Agostinho-Calvino sensus divinitatis acaba com essa balela). Bom, em 2006, Dennet escreveu uma obra que o notabilizou: “A Religião Como Fenômeno Natural”. A tese é simples: a religiosidade no homem é um processo absolutamente natural. Explico (se for possível): seguindo os passos da evolução, aqueles que sobreviveram foram aqueles que acreditavam de alguma forma em Deus. Então, o cérebro humano percebeu que era vantajoso crer em Deus. Assim sendo, quimicamente a idéia do Ser Divino foi passando de geração em geração como um meio de sobrevivência. Entendeu? Nem eu (esses caras “se encantam mais com a rede do que com o mar”). No megafone da descrença ele ensina que a sua atividade é convencer os homens daquilo que antes era uma vantagem evolucionária, hoje é uma tremenda desvantagem.

Sam Harris – Nasceu em 1967 (essa é uma casta mais nova). Doutor em filosofia na área da neurociência. Por ser mais jovem, Harris é mais enfático nas suas ponderações em relação aos cristãos. O livro lançado em 2004 - O Fim da Fé: Religião, Terrorismo e o Futuro da Razão - é um ataque frontal à crença em Deus. Albert Mohler Jr resume a tese dessa obra. Leia e se assuste:
“O livro é uma ataque vigoroso ao teísmo e contém sarcasmo inacreditável. Harris sugere que a crença em Deus é inerentemente má, começando um impulso maléfico da mente e do espírito e levando, finalmente, a efeitos sociais perniciosos. Deus mesmo é um monstro, diz Harris – especialmente, o Deus da Bíblia, que não é um deus no qual pessoas sensatas e sensíveis creriam e a quem, muito menos, amariam. A crença em Deus, ele afirma, corrompe o homem”.

Há um detalhe preocupante: esse livro se tornou um dos livros mais vendidos daquele ano e ainda é um dos mais procurados em site como o Amazon.com. Pasmem! Não satisfeito, em 2006 lança outro livro: “Carta a Uma Nação Crista”. Harris escreve: “O propósito primeiro do livro é armar os secularistas de nossa sociedade, os quais acreditam que a religião deve ser mantida fora da política pública, contra os seus oponentes na direita cristã”. Nós vamos abordar sobre isso no final do post, mas já deu para perceber que o neo-ateísmo é mais danoso do que os ateus passados porque o novo ceticismo propõe e declara um engajamento político contra a religião, e eles são “missionários” no sentido de “evangelizar” o mundo com as suas crenças e/ou descrenças.

Finalmente, Chistopher Hitchens. Nascido em 1943. Os eventos de 11 de setembro tiveram um efeito significativo na sua cosmovisão. Daí começou a pregar que a fé representa um grande perigo e deve ser confrontada face a face (muito embora a sua crítica gira em torno do mundo islâmico). Como é obvio sua tese foi divulgado em um livro: Deus não é Grande: Como a Religião Envenena Tudo. Cito mais uma vez Albert Mohler Jr que resume o livro:
“Hitchens sugere que possui quatro objeções à fé religiosa: primeiro, ela entende erroneamente a origem do homem e do universo. Segundo, ele diz, a religião trabalha por combinar o máximo da serventia com o máximo do solipsismo. Os crentes são servis na mente, ele acusa, e totalmente auto-referenciais no que diz à verdade. Terceiro, ele diz, a religião é a grande causa da repreensão sexual. Quarto, a religião está, em última análise, fundamentada em uma maneira de pensar ambiciosa”.


Agora, vamos tentar responder à pergunta feita no post anterior: Por que os neo-ateístas são mais perigosos do que os céticos da geração passada?

1. Os neo-ateístas são “evangelistas” que divulgam suas teses não apenas no mundo acadêmico, mas sobretudo ao homem comum, ao leigo. Esse é o primeiro perigo! Veja o exemplo de Richard Dawkins. O livre O Gene Egoísta não foi escrito para a comunidade científicas, e sim para os leitores comuns. Da mesma forma a obra Consciousness, de Daniel Dannett, se tornou um dos raros livros científicos que realmente vendiam, visto que visava àquele leitor popular: que ler livro dentro do avião ou no metrô esperando um trem. Dannett já esteve no Brasil, e o Jornal Zero Hora o entrevistou. Eu chamo a sua atenção para resposta dada a seguinte pergunta:

“ZH – Fazer campanha pelo ateísmo com anúncios em ônibus, como ocorre na Grã-Bretanha, é correto? Não seria melhor manter o debate no campo acadêmico e cultural?”
Eis a resposta de Dennett: “Religião não é apenas um fenômeno acadêmico. Creio que é muito saudável ter o público em geral informado sobre a variedade de opiniões sobre religião sustentadas por seus vizinhos e concidadãos. Os anúncios que vi eram de bom gosto, muitas vezes divertidos, leves. Eu os aprovo. Quem se sentir ofendido deveria ser submetido a algum tipo de ajuste de conduta. Não têm o direito de ter suas próprias opiniões mais respeitadas do que as opiniões de outros cidadãos” (Daniel Dennett – entrevista no ZERO HORA.com -01/05/2010).

Explicando: Os anúncios são frases ateístas fixadas em ônibus londrinos – “Provavelmente não há Deus. Portanto, deixe de se preocupar e aproveite sua vida” (www.atheistcampaign.or). Como escreve o rev. Davi Charles Gomes, “um ateísmo militante e marqueteiro surge no playground intelectual e popular”.

2. Além de escrever sua tese para as massas, o neo-ateísmo defende abertamente que a evolução, e suas implicações quanto a existência de Deus, deveria ser discutida de modo público. Tal qual Golias, eles chamam os “Davis” para o debate aberto e franco. Evidentemente, não temos medo de um confronto, porém é preciso preparar o mundo cristão. A preocupação se dá pelo fato de vivermos numa geração de crentes superficiais que vivem num profundo analfabetismo bíblico. Estaria o crente preparado para debater com os discípulos dos neo-ateistas que estão, em toda a parte, crescendo mais e mais? É essa a questão.

3. Outro perigo: Os neo-ateus questionam qualquer tipo de autoridade e tradição. Dawkins afirma que é pernicioso usar a autoridade como razão para alguém crê. Ele criou a teoria do “meme” – conjuntos de idéias replicadas do pensamento. Assim, ele sugere que “os pais transmitem ‘memes’ aos filhos, da mesma forma como transmitem os genes”. Segundo ele isso é pernicioso. Com base nessa teoria ele aplica da seguinte forma: “tão somente porque alguém diz que algo é verdade, isso não é razão para que alguém creia que tal coisa seja, de fato, verdade”. Então, ele destila o seu veneno afirmando que mesmo alguém crendo em Deus isso só acontece devido ao condicionamento herdado. A solução apontada por ele é questionar profundamente a sua fé, não importa se você vai confrontar seus pais, o pastor, o padre, a religião... Para mim isso se chama rebeldia (vide Adão e Eva). Eu ainda não li, mas pela introdução, Sam Harris usa muito desse argumento no seu livro Carta a Uma Nação Cristã.

4. Outra teoria perigosa apresentada pelos novos céticos, principalmente Daniel Dennet, é o que ele denomina “crença na crença”. Diz MohlerJr.:
“Ele sugere que a crença em Deus não é tudo aquilo que muitos julgam que ela seja, pois, se você analisar por trás da aparência, descobrirá que o número de pessoas que crêem em Deus é menor do que a princípio se evidencia. Em vez de crerem em Deus, Dennett afirma, as pessoas crêem na crença. Em outras palavras, elas têm um entendimento funcional da religião... se realmente cressem, viveriam de modo diferente do que vivem”.
Vejam a sagacidade desse homem: ele desafia os crentes a apresentarem realmente a sua fé por meio das suas atitudes. O perigo se instala porque vivemos numa era de crentes sem compromisso e sem engajamento – fé sem obras. Em suma vivemos num terreno fácil para o ateísmo lançar suas raízes e germinar no mundo o secularismo.

5. Por fim, o argumento preferido dos neo-ateus é afirmar categoricamente que a fé em Deus é uma ameaça para a humanidade. É perigosa. É hostil. “Deus é um monstro”, diz Harris. O que está por trás da fé? Eles respondem: o 11 de setembro, a guerra entre católicos e protestantes na Irlanda, a “caça às bruxas” no início da colonização americana, as trevas da idade média, enfim – o caos. Argumentam que a fé em Deus leva a violência e o ateísmo é liberdade. O próprio Sam Harris se coloca como vítima constante de ameaça de morte por parte dos evangélicos. Por essa razão não pode dar nenhuma informação pessoal a respeito da sua vida particular. Na realidade é mais uma jogada de marketing. O seu objetivo é levar a opinião pública e a imprensa a um posicionamento contrário à fé. Eles jogam sujo!


CONCLUSÃO

Talvez, você afirme que não há motivos para preocupação, e o neo-ateismo não é um desafio para a fé Cristã. Afinal de contas, os que se declaram ateus são pouquíssimos. Realmente eles são minoritários. Nos EUA apenas 2% da população americana, e no Brasil 7,3% se declaram sem religião. Entretanto, é um grupo que tem crescido de forma assustadora no mundo. E os motivos que têm levado ao crescimento já foram elencados acima. Reafirmo o que disse anteriormente: o neo-ateismo encontrou um terreno fértil, visto que vivemos numa geração de crentes analfabetos doutrinariamente e sem muito compromisso com a ética cristã. O Conselho, evidentemente, para nós cristãos só poderia ser extraído da Palavra de Deus: é preciso estarmos “sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós”. Em relação aos ateus de todos os tipos, o Salmo 2 é a vindicação: “Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá”. Amém!

Pr. Naziaseno Cordeiro Torres

5 comentários:

Oficina de Saberes disse...

“Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá”.
Interessante...Dawkins comenta esta atitude milenar dos religiosos...Lançar o medo, a culpabilização...
Este "seu Deus" é realmente o que Dawkins afirma que é: perigoso para a vida social.
A constatação está aqui mesmo pra gente ver o "veneno" que representa para a vida coletiva o indivíduo que tem medo do debate científico, sem violência e agressão.
Que pena!

A Esperança Puritana disse...

Olá!
Antes de tudo eu quero muito agradecer-te pelo seu comentário. Primeiro, O texto bíblico em destaque é proferido pelo próprio Criador do universo, Deus. Então, essa atitude não é dos religiosos; é dEle. A Ele pertence a vindicação, não aos homens. Segundo, o meu Deus é o mesmo de sempre - Aquele que criou os Céus e a Terra com arte e prefeição, paraiso. Colocou os homens para nele morar, e desfrutar da sua doce presença. O que ele recebeu em troca? ingratidão, rebeldia e hostilidade. 3) ele envia Jesus ao planeta terra para ensinar o verdadeiro amor. E o que Ele recebeu? Uma coroa de espinhos, vitupérios, acoites, traição, dor e morte. E agora você O chama de "Perigoso para a vida social". Concordo com você quando diz que em nome da fé há muita violência e agressão nessa terra. Certamente sou contra qualquer tipo de violação dos diretos humanos, e não cabe a nós, mortais, julgar e condenar absolutamente ninguém! Porém, vocês insultam, violentam e agridem a Deus com as suas teses e ensinos. E Ele que é ofendido todos os dias. Então, é Ele e somente Ele que pode Ri-se e zombar de vocês e na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. Que pena!

Anônimo disse...

"A preocupação se dá pelo fato de vivermos numa geração de crentes superficiais que vivem num profundo analfabetismo bíblico."

"O perigo se instala porque vivemos numa era de crentes sem compromisso e sem engajamento – fé sem obras."

Para mim, como ateu, o problema não é a crença, e sim a pseudo-crença, a hipocrisia.

Camarada, você é cristão, e por natureza é tendencioso. No entanto, julgo isso normal. Como o Blog é seu, tenho respeito pela sua crença e suas afirmações convictas. Mas, se realmente vivemos em época de crença superficial, ora, o que há de errado em resolver este problema dando amparo às pessoas que precisam, e deixando em paz aqueles que não querem acreditar?

Veja bem: o que proponho é, de fato, liberdade de escolha, o assim chamado livre arbítrio. Não sou a favor da propaganda ateísta, mas também acho ridículo haver propaganda cristã, muçulmana. Então, ou todos propagam suas crenças, com direitos iguais, ou ninguém propaga coisa alguma.


Parece bem simples, não?

Anônimo disse...

PS.: Esses papas do ateísmo não passam de homens com teorias impossiveis de se provar.

Portanto, evite as associações forçadas. Existem ateus, como eu, que não dão a mínima importancia às teses destes homens.

:)

A Esperança Puritana disse...

Olá D'André

Muito obrigado pela sua visita, e sobretudo pelo seu espírito sincero e desarmado. Na realidade eu não viso transformar vocês, a minha intenção é munir os cristãos sobre idéias ateísticas, ou seja é "abri os olhos" deles com a intenção de ampará-los - sobretudo no mumndo universitário. Voc me pede para deixar os ne-ateus em paz, então, viva em paz sem a paz do Senhor! Por outro lado, se vc realmente é cético, certamente você se inclina e adorar os seus ídolos: Darwin, Freud, Nietzsche, Marx, Dawkins, Harris, Dennett, Hitchens, entre Outros. Mas, se você realmente não os segue, então, meu caro, você mesmo se declarou o seu próprio Deus. Um abraço