Bem-Vindos

quarta-feira, 7 de maio de 2014

E QUANDO TUDO VAI BEM?

               
Problemas, dores e angústias levam o crente a procurar imediatamente a presença de Deus em busca de graça e misericórdia para aliviar a sua alma atribulada. A crise tem sido uma fonte de oportunidade, pois nos leva a procurar abrigo na casa paterna. C. S. Lewis afirmou que o sofrimento é o megafone de Deus para um mundo que recusa a ouvi-Lo. A boa notícia é que os nossos ouvidos são mais sensíveis à voz de Deus quando o “dia mal” chega. Por isso, seguindo essa lógica, o apóstolo Paulo escreve aos Romanos ponderando que devemos no gloriar nas nossas próprias tribulações, uma vez que ela produz: perseverança, experiência, esperança e, sobretudo, a certeza do amor de Deus por nós (Romanos 5. 3-5). A aflição é uma benção para o povo de Deus, visto que quando ela chega para nós só existe um caminho para correr: os braços do Pai!

                Algo interessante acontece quando disciplino amorosamente meus filhos. Após umas palmadinhas – no lugar certo e com a intensidade adequada – eles paradoxalmente olham para mim, em lágrimas, pedindo colo e consolo. Isso porque eles sabem que foram disciplinados por motivos justos, e a única alternativa é buscar solução naquele que os ama profundamente. Deus também nos trata assim: as “tapinhas” divinas  nos aproximam intensamente dEle (2 Co 7.9,10;).

                Mas, esse artigo tem outro viés: não temos nenhuma dúvida em afirmar que quando os problemas chegam invariavelmente procuramos Deus, e encontramos alívio – problemas são, na realidade, oportunidades para crescermos no nosso relacionamento com Deus. Agora, a questão é outra: E QUANDO TUDO, APARENTEMENTE, VAI BEM? Como a nossa alma se comporta quando passamos por um tempo de bonança? Qual é a nossa atitude nos momentos de refrigério da parte de Deus? Essa é a grande questão – e dilema – na nossa peregrinação nessa terra concernente ao nosso relacionamento com Deus. Nessa fase passamos pelas maiores tentações e desafios na caminhada cristã. As razões são obvias, vejamos:

                É fato que vivemos numa tensão entre o “já” e o “ainda não”. Esse conceito teológico é simples! Ele afirma que já somos salvos e libertos da condenação do pecado, mas ainda não recebemos todas as bênçãos da salvação – elas estão reservadas para a nossa vida no Céu. Por exemplo, apesar da nossa salvação ainda sofremos as dores do corpo traduzidas em doenças físicas e mentais; temos problemas e angústias; sofremos reveses financeiros e, infelizmente nessa terra, o pecado tenazmente nos assedia e, muitas vezes, sucumbimos aos seus apelos infernais. Nessa condição algumas tendências que são naturais nos ímpios ainda exercem um certo poder  no nosso coração. Em relação ao assunto proposto nesse post há duas tendências terríveis que visitam  o coração do povo de Deus: O esquecimento dEle e a exaltação de uma glória própria nas conquistas e sucessos obtidos.

                Quando tudo vai aparentemente bem na nossa vida a tendência é se esquecer de Deus. Não oramos como convém, a leitura da Palavra é esporádica, freqüentamos o Templo com irregularidade – e muitas vezes o nosso coração nem lá está.  Nessa fase quase nunca pensamos em Deus, e nos envolvemos nas mais diversas atividade – Deus fica em segundo plano . Essa situação descreve muito bem o povo de Deus, Israel, no Antigo Testamento.  O profeta Jeremias relata: “Contudo, todos os do meu povo se têm esquecido de mim, queimando incenso aos ídolos, que os fizeram tropeçar nos seus caminhos e nas veredas antigas, para que andassem por veredas não aterradas”.  A queixa de Deus contra o povo de Israel foi registrada no livro do profeta Ageu: “Acaso, e tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?”  Deus havia sido esquecido, e cada um procurava o seu próprio interesse em tempo de bonança.

                Um fator determinante para a negligência espiritual é a exaltação de uma glória própria nas conquistas e sucessos obtidos. Essa síndrome adâmica persiste nos nossos corações. Quando progredimos economicamente, via de regra achamos que o fruto do nosso trabalho veio do nosso próprio suor. É aquela velha situação: Ora-se para passar em um concurso público. Deus atende, mas após a aprovação Ele é esquecido – no fundo no fundo achamos que conquistamos pelo nosso próprio talento, e as glórias vêm para nós mesmos. Na verdade a prosperidade financeira nos distancia de Deus, e confiamos no vil metal.  Por isso a oração do sábio foi tão clara: Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor? ’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus (Provérbios 30:8-9).

                Concluo esse artigo lançando um desafio: busquemos o Senhor em todo o tempo. Lembro a você que a período mais difícil na nossa vida não é quando enfrentamos angústias e problemas, mas quando tudo aparentemente vai bem. Existe um personagem na Bíblia que me chama a atenção, e sempre medito nele: Enoque. A Bíblia fala muito pouco sobre ele.  Enoque não é conhecido na Bíblia como o “pai da Fé”; nem como um guerreiro destemido; nem mesmo como um sacerdote ou rei. O registro bíblico relata simplesmente assim: “andou Enoque com Deus.” Eu creio que ele desenvolvu uma caminhada um espírito de total dependência de Deu em quaisquer circustâncias da sua vida nesse mundo, ou seja ele não tirava o foco em Deus. Esse é o segredo para não nos afastarmos de Deus. Andar com Deus é afirmar que Ele é mais importante do que tudo nessa vida. Um coração assim não se desvia ao sabor das circustâncias, mas se firma Naquele que é a fonte da real alegria! Amém!!!
Fé nEle, sempre!

Rev. Naziaseno Cordeiro Torres

Um comentário:

Rev. Ageu Magalhães disse...

Caro Rev. Naziaseno, edificante artigo. Um abraço.